"(...) Quem procura palavras para se decifrar está buscando autenticar uma farsa.É sempre um parto difícil, induzido, e não se sabe o que vamos ter que adotar como nosso até o fim da vida.Quanta responsabilidade, identificar-se!"Esta sou eu, muito prazer. Sinto isso, gosto daquilo, sou contra, sou a favor..."É uma idiotice delimitar-se através das preferências e opiniões.E depois morrer justificando estas escolhas que foram apenas casuais, oportunas, aparecíveis num determinado momento, mas nunca para sempre.Que sorte têm os tolos, os desprovidos de inteligência, que não fazem a menor questão de saber quem são e muito menos de propagar sua descoberta.Quanta angústia poupada, quanto motivo para continuar sorrindo apenas por...por...espanto (...)"
19/01/2008
Auto definição - Martha Medeiros
Sentido Unico - Martha Medeiros
Sentido único: em frente
Sairei de 2008 melhor do que estou entrando, simplesmente porque é impossível desprezar conhecimentos, conversas, sensações Faço aniversário em agosto.
Quando alguém, em julho, pergunta quantos anos eu tenho, já respondo com a idade nova.
Não sei até quando terei essa coragem de me envelhecer antes da hora, mas, por enquanto, ainda arredondo pra cima.
Com o ano novo, é a mesma coisa. Já estou em 2008 faz uns 20 dias.
Coloquei-o em total vigência, é um ano em curso, mergulhei de cabeça nele.
2007 já era, já deu o que tinha que dar.
Aliás, foi bom pra você?
Poucas pessoas viveram grandes feitos, grandes viagens ou grandes paixões.
A maioria viveu o que podia ter vivido.
Foi ao cinema e adorou (ou odiou) Tropa de Elite.
Leu alguns livros. Curtiu alguns churrascos.
Passou uns finais de semana fora da cidade.
Reclamou da falta de dinheiro.
Brigou com pais e irmãos.
Fez as pazes com pais e irmãos.
E depois brigou de novo.
Esperou em filas.
Assistiu a pelo menos um show.
Achou a Camila Pitanga linda em Paraíso Tropical.
Reclamou muito do frio.
Bebeu demais.
Pensou em casar.
Pensou em descasar.
Pensou em ter um cachorro.
"Ano da virada" é apenas força de expressão.
A maioria de nós viveu um ano semelhante aos outros anos, salvo aqueles que foram colhidos por uma fatalidade - já não é fatalidade suficiente estar vivo?
Eu tive um ano muito bom e muito parecido com outros anos bons, inclusive nas partes ruins. Ainda assim, o melhor de chegar aqui, na saideira, é olhar para trás e concluir que o aconteceu de mais diferente foi eu mesma.
Entrei de um jeito em 2007 e estou saindo outra, mesmo que eu pouco perceba essa alteração.
Recentemente ouvi alguém admitir que era uma pessoa melhor anos atrás.
Duvido.
Não se pode dizer isso pra valer.
É muito desestimulante a gente acreditar que está involuindo.
Quando olho para o meu passado, encontro uma mulher bem parecida comigo - por acaso, eu mesma - porém essa mulher sabia menos, conhecia menos lugares, menos emoções. Ora, por mais legal que a gente tenha sido, sempre fomos mais pobres em relação ao presente - e não estou falando de dinheiro, mas de vivência.
Involuir é muito trabalhoso, exige que rejeitemos todos os aprendizados: quem faria essa maldade consigo mesmo? Evoluir é que está na ordem natural das coisas.
Portanto, tenho certeza de que em 2008 eu verei alguns filmes, assistirei pelo menos a um show, lerei alguns livros, sairei da cidade uns finais de semana, irei bater ótimos papos com os amigos, terei uns arranca-rabos em família e depois voltarei às boas, perderei tempo em filas e reclamarei do frio.
E mesmo sendo mais um ano como tantos outros - no caso de nenhuma fatalidade ocorrer - , sairei de 2008 melhor do que estou entrando, simplesmente porque é impossível desprezar conhecimentos, conversas, sensações - tudo o que parece repetitivo, mas que nos dá uma cancha necessária pra seguir adiante e viver melhor. Então, feliz você novo, mesmo que pareça igualzinho.
16/01/2008
Clarice Lispector -frase
E se me achar esquisita, respeite também. Até eu fui obrigada a me respeitar. Clarice Lispector
13/01/2008
A dor que dói mais- Martha Medeiros
Trancar o dedo numa porta dói.
Bater com o queixo no chão dói.
Torcer o tornozelo dói.
Um tapa, um soco, um pontapé, dóem.
Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim.
Mas o que mais dói é saudade. Saudade de um irmão que mora longe.
Saudade de uma cachoeira da infância.
Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais.
Saudade do pai que já morreu.
Saudade de um amigo imaginário que nunca existiu.
Saudade de uma cidade.
Saudade da gente mesmo, quando se tinha mais audácia e menos cabelos brancos.
Dóem essas saudades todas. Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama.
Saudade da pele, do cheiro, dos beijos.
Saudade da presença, e até da ausência consentida.
Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá.
Você podia ir para o aeroporto e ele para o dentista, mas sabiam-se onde.
Você podia ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã.
Mas quando o amor de um acaba, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter. Saudade é não saber.
Não saber mais se ele continua se gripando no inverno.
Não saber mais se ela continua clareando o cabelo.
Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu.
Não saber se ela foi na consulta com o dermatologista como prometeu.
Não saber se ele tem comido frango de padaria, se ela tem assistido as aulas de inglês, se ele aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua fumando Carlton, se ela continua preferindo Pepsi, se ele continua sorrindo, se ela continua dançando, se ele continua pescando, se ela continua lhe amando. Saudade é não saber.
Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche. Saudade é não querer saber.
Não querer saber se ele está com outra, se ela está feliz, se ele está mais magro, se ela está mais bela.
Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim, doer.
10/01/2008
O jeito deles - Martha Medeiros
O jeito deles
O que é que faz a gente se apaixonar por alguém?
Mistério misterioso.
Não é só porque ele é esportista, não é só porque ela é linda, pois há esportistas sem cérebro e lindas idem, e você, que tem um, não vai querer saber de descerebrados.
Mas também não basta ser inteligente, por mais que a inteligência esteja bem cotada no mercado.
Tem que ser inteligente e... algo mais.
O que é este algo mais?
Mistério decifrado: é o jeito.
A gente se apaixona pelo jeito da pessoa.
Não é porque ele cita Camões, não é porque ela tem olhos azuis: é o jeito dele de dizer versos em voz alta como se ele mesmo os tivesse escrito pra nós; é o jeito dela de piscar demorado seus lindos olhos azuis, como se estivesse em câmera lenta.
O jeito de caminhar.
O jeito de usar a camisa pra fora das calças.
O jeito de passar a mão no cabelo.
O jeito de suspirar no final das frases.
O jeito de beijar.
O jeito de sorrir.
Vá tentar explicar isso.
Pelo meu primeiro namorado, me apaixonei porque ele tinha um jeito de estar nas festas parecendo que não estava, era como se só eu o estivesse enxergando.
O segundo namorado me fisgou porque tinha um jeito de morder palitos de fósforo que me deixava louca ok, pode rir.
Ele era um cara sofisticado, e por isso mesmo eu vibrava quando baixava nele um caminhoneiro.
O terceiro namorado tinha um jeito de olhar que parecia que despia a gente: não as roupas da gente, mas a alma da gente.
Logo vi que eu jamais conseguiria esconder algum segredo dele, era como se ele me conhecesse antes mesmo de eu nascer. Por precaução, resolvi casar com o sujeito e mantê-lo por perto.
E teve aqueles que não viraram namorados também por causa do jeito: do jeito vulgar de falar, do jeito de rir sempre alto demais e por coisas totalmente sem graça, do jeito rude de tratar os garçons, do jeito mauricinho de se vestir: nunca um desleixo, sempre engomado e perfumado, até na beira da praia.
Nenhum defeito nisso.
Pode até ser que eu tenha perdido os caras mais sensacionais do universo.
Mas o cara mais sensacional do universo e a mulher mais fantástica do planeta nunca irão conquistar você, a não ser que tenham um jeito de ser que você não consiga explicar.
Porque esses jeitos que nos encantam não se explicam mesmo.
(Martha Medeiros)
09/01/2008
Grandes e pequenas mulheres/ Martha Medeiros
Há mulheres de todos os gêneros.
Histéricas, batalhadoras, frescas, profissionais, chatas, inteligentes, gostosas, parasitas, sensacionais.
Mulheres de origens diversas, de idades várias, mulheres de posses ou de grana curta. Mulheres de tudo quanto é jeito.
Mas se eu fosse homem prestaria atenção apenas num quesito: se a mulher é do tipo que puxa pra cima ou se é do tipo que empurra pra baixo.
Dizem que por trás de todo grande homem existe uma grande mulher.
Meia-verdade.
Ele pode ser grande estando sozinho também.
Mas com uma mulher xarope ele não vai chegar a lugar algum.
Mulher que puxa pra cima é mulher que aposta nas decisões do cara, que não fica telefonando pro escritório toda hora, que tem a profissão dela, que o apóia quando ele diz que vai pedir demissão por questões éticas e que confia que vai dar tudo certo.
Mulher que empurra pra baixo é a que põe minhoca na cabeça dele sobre os seus colegas, a que tem acessos de carência bem na hora que ele tem que entrar numa reunião, a que não avaliza nenhuma mudança que ele propõe, a que quer manter tudo como está.
Mulher que puxa pra cima é a que dá uns toques na hora de ele se vestir, a que não perturba com questões menores, a que incentiva o marido a procurar os amigos, a que separa matérias de revista que possam interessá-lo, a que indica livros, a que faz amor com vontade.
Mulher que empurra pra baixo é a que reclama do salário dele, a que não acredita que ele tenha taco pra assumir uma promoção, a que acha que viajar é despesa e não investimento, a que tem ciúmes da secretária.
Mulher que puxa pra cima é a que dá conselhos e não palpite, a que acompanha nas festas e nas roubadas, a que tem bom humor.
Mulher que empurra pra baixo é a que debocha dos defeitos dele em rodinhas de amigos e que não acredita que ele vá mais longe do que já foi.Se por trás de todo grande homem existe uma grande mulher, então vale o inverso também: por trás de um pequeno homem talvez exista uma mulherzinha de nada.
04/01/2008
Fernando Palma
"Chega,excedi-me em sonhos.
Mais duas doses e paro.”
“Você disse isso há dois sonhos atrás”.
***“Preciso ultrapassar, não me impeça.
Preciso de nova historia,
de uma embriaguez diferente,
enfim,mas está aqui neste bar.”
***“Pois é, minha cara.
Veja só resultado de tantas bebedeiras:
dezenas garrafas-coloridas de esperança falsificada,
litros de sonhos envelhecidos em barris de euforias,
copos-encantados de desejos falidos,
engradados de promessas não pagas e
uma dívida de desilusões assinada com tua dor,
pendurada na memória.
Agora não reclama.
Pague, com rigor tudo o que deve. “
***“Mas essa é diferente.
Sabe aquele tipo ideal?”
“Sei. Isso da ressaca.”
***“Não penso nela..”
“Não?”“Não penso,mesmo se falo nela
Não penso mesmo se lembro,se gosto.
Não penso mesmo quando penso,
ah, não sou bom em palavras,
parece confuso?
Garçom, será que eu bebi amor demais hoje?
Será que o amor também embebeda?“
(Fernando Palma)
Momentos frase - Martha Medeiros
Há momentos em que nossos valores se rompem Certezas se estilhaçam como cristal Viram pó nossas abusurdas convicções Principios só se justificam no final (Martha Medeiros)
Ternura- Vinicius de Moraes
Ternura
Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar extático da aurora.
(Vinicius de Moraes)
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Vinicius de Moraes
Martha Medeiros- Sentir-se amado
03/01/2008
O Último Poema- Manuel Bandeira
Assim eu quereria o meu último poema Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos A paixão dos suicídas que se matam sem explicação.
Meu - Martha Medeiros
Martha Medeiros- Saudade -Cartas Extraviadas e Outros Poemas
Saudade eu tenho do que não nos coube
Lamento apenas o desconhecido
Daquilo que não deu tempo de repartir
Você não saboreou meu suor
Eu não lhe provei as lágrimas
É no líquido que somos desvendados
No gosto das coisas o amor se reconhece
O meu pior e o meu melhor e os seus
Ficaram sem ser apresentados
02/01/2008
Carlos Drummond de Andrade - amor frase
Se você sabe explicar o que sente,
não ama,
pois o amor foge de todas as explicações possíveis.
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Carlos Drumond de Andrade
SONETO CV- William Shakespeare
Não chame o meu amor de Idolatria
Nem de Ídolo realce a quem eu amo,
Pois todo o meu cantar a um só se alia,
E de uma só maneira eu o proclamo.
É hoje e sempre o meu amor galante,
Inalterável, em grande excelência;
Por isso a minha rima é tão constante
A uma só coisa e exclui a diferença.
'Beleza, Bem, Verdade', eis o que exprimo;
'Beleza, Bem, Verdade', todo o acento;
E em tal mudança está tudo o que primo,
Em um, três temas, de amplo movimento.
'Beleza, Bem, Verdade' sós, outrora;
Num mesmo ser vivem juntos agora.
Amor - Amizade - William Shakespeare
Perguntei a um sábio , a diferença que havia entre amor e amizade, ele me disse essa verdade... O Amor é mais sensível, a Amizade mais segura. O Amor nos dá asas , a Amizade o chão. No Amor há mais carinho, na Amizade compreensão. O Amor é plantado e com carinho cultivado, a Amizade vem faceira, e com troca de alegria e tristeza, torna-se uma grande e querida companheira. Mas quando o Amor é sincero ele vem com um grande amigo, e quando a Amizade é concreta, ela é cheia de amor e carinho. Quando se tem um amigo ou uma grande paixão, ambos sentimentos coexistem dentro do seu coração.
Desilusão - Clarice Lispector
A DESPEDIDA DO AMOR- MARTHA MEDEIROS
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