06/04/2008
Apocalipse - Laisa Rosinski
Parte 1
Vamos usar o ódio para esquecer
Vamos transformar os anos em pequenos inferno
Vamos mostrar somente nossa raiva e se esquecer que o amor existe
Vamos esquecer de mais um inverno que vem chegando
Vamos amargurar corações
Vamos fazer cicatrizes para que alguém sangre para você ver o lado bom da dor
Vamos cutucar a ferida, pisar nos outros e ver como é lindo o sofrer...
Vamos somente ver desta vez a lagrima em outro rosto
Ver a humilhação de uma pessoa que busca o amor
Vamos, simplesmente agora nos matar e sentir o gosto doce ou amargo de morrer, do sofrer, do amar e não poder
O gosto dos loucos que se matam por tão pouco
Parte 2
Vamos ser intolerantes, inconseqüentes
E desta vez iremos apenas ver como é a dor e não iremos mais senti-la
Vamos beijar e cuspir depois...
Sim, faremos o que chamam de amor, mas faremos pra satisfazer o nosso prazer
Vamos viver a noite e não mais o dia, para não vermos mais as desgraças
Para não vermos mais o sol...
Viveremos na mais completa escuridão, para que essa se junte a nossa alma escura
Não fugiremos mais da chuva e nem teremos mais que temer os raios, afim de vivermos em busca de nosso maior medo, a morte
E então as rosas serão podres e as flores mortas
Para que tudo neste lugar, nesta hora, neste momento seja feio, cruel, difícil, que nem é a vida que nem é o querer e o não poder
E novamente sentiremos então o gosto amargo ou doce do morrer, do poder, do chorar, o gosto deste povo que se mata por tão pouco
Parte 3
Seremos o que chamam de desespero
Seremos julgados e condenados
Mas pelo menos dessa vez será tudo melhor
Porque saberemos mentir, fingir
Podemos e queremos receber o pior castigo
Para sofrermos mais do que a alma permite
Veremos a dor humana, e nem que seja por um instante esqueceremos da dor de toda nossa alma, da nossa história dolorosa, das marcas que ficaram
Vamos trair os outros
Vamos fazer a nossa cena
Fazer o que agente quiser
Vamos enfiar a língua em outras bocas pra ver se conseguimos descontar o peso do viver e do não ter
E assim num infinito tempo nos perderemos e sentiremos o gosto doce ou amargo, do morrer, do sofrer, do prazer, do errar, o gosto deste povo que se mata por tão pouco
A luz dá fé aos desesperados por não querer ter aprendido amar
E agora querem apenas esperar a morte chegar
Parte 4
E só sentiremos a nossa falta quando as portas de pequenos amantes estiverem fechadas, trancadas, porque naquele momento ou naquele instante eles também descobriram amor
E agora sofrem, por tanto terem procurado, agora nos seus corações a ferida persiste em ferir
E nós vamos rir
Vamos rir de desespero
E quando olharmos para estes, iremos então ver o reflexo de nossa alma, misturado com um pouco de horror e lembraremos do nosso passado
Vamos fazer escândalos
Vamos escrever os piores dos versos
Vamos festejar toda a desgraça
Vamos cortar nossos pulsos para ver sangue, para aliviar a dor, a dor da traição
E talvez agora vamos nos matar e sentir o gosto de morrer, do sangrar, do sofrer, do beber, do dever, o gosto dos loucos que se matam por tão pouco
Parte 5
Vamos ser estúpidos
Vamos trocar nossas historia por aventuras sem glórias
Vamos ser ignorantes
Vamos ser parceiros da maldade
Pra nos esquecermos que a saudade persiste em existir
Vamos alimentar tristeza
Celebrar toda a nossa desunião
Vamos morrer de tesão
Vamos deixar toda nossa experiência de lado
Vamos viver conforme a sociedade nos condena
Vamos provar a todos que idiotas são os que vivem em função de um amor
Vamos pegar toda nossa falta de bom senso e transformar em mais um passo para o descaso
Vivermos sem o mal que nos transforma em seres incapazes, o amor
Eu simplesmente não quero viver, eu quero apenas sentir o gosto amargo ou doce do morrer, do falar, do calar, do não poder
Sentir o veneno escorrendo pela face
Quero sentir qualquer gosto, só não quero sentir o desgosto do amar, do amor de você ...
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Um comentário:
Laisa, essa letra clara eh pra dar um ar de misterio ao texto? :-)
Ficou legal!!!
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