30/08/2008

Trecho -Martha Medeiros- Eu cresci

Eu cresci.
Por dentro e por fora
(e, reconheço, pros lados).
Sou gente grande,
como se diz por aí.
E o mundo à minha volta,
à nossa volta,
virou aldeia,
somos todos vizinhos,
todos vivendo apertados,
financeira e
emocionalmente falando.
Saudade de uma
alegria descomunal,
de uma esperança gigantesca,
de uma confiança
do tamanho do futuro
- quando o futuro também
era infinito à minha frente.

29/08/2008

Tristeza- poema - Martha Medeiros

Tristeza é quando chove
quando está calor demais
quando o corpo dóie os olhos pesam
tristeza é quando se dorme pouco
quando a voz sai fraca
quando as palavras cessam
e o corpo desobedece
tristeza é quando não se acha graça
quando não se sente fome
quando qualquer bobagem nos faz chorar
tristeza é quando parece
que não vai acabar

28/08/2008

Não era amor- Fragmento livro Divã- Martha Medeiros

Se não era amor, era da mesma família. Pois sobrou o que sobra dos corações abandonados. A carência. A saudade. A mágoa. Um quase desespero, uma espécie de avião em queda que a gente sabe que vai se estabilizar, só não se sabe se vai ser antes ou depois de se chocar contra o solo. Eu bati a 200 km por hora e estou voltando á pé pra casa, avariada. Eu sei,não precisa me dizer outra vez. Era uma diversão, uma paixonite, um jogo entre adultos. Talvez este seja o ponto. Talvez eu não seja adulta o suficiente para brincar tão longe do meu patio, do meu quarto, das minhas bonecas. Onde é que eu estava com a cabeça, de acreditar em contos de fada, de achar que a gente muda o que sente, e que bastaria apertar um botão que as luzes apagariam e eu voltaria a minha vida satisfatória,sem seqüelas, sem registro de ocorrência? Eu não amei aquele cara. Eu tenho certeza que não. Eu amei a mim mesma naquela verdade inventada. Não era amor,era uma sorte. Não era amor, era uma travessura. Não era amor, eram dois travesseiros. Não era amor, eram dois celulares desligados. Não era amor, era de tarde. Não era amor, era inverno. Não era amor, era sem medo. NÃO ERA AMOR, ERA MELHOR"

Os beijos intermináveis de namoro vão escasseando como tempo- Fragmento livro Divã - Martha Medeiros

"Os beijos intermináveis de namoro
vão escasseando como tempo,

vão perdendo o caráter, e daqui a pouco é só beijo de bom dia,

boa noite, e nas preliminares, para aquecer". Nunca mais um amasso dentro do carro com o

pessoal buzinando lá fora porque o sinal abriu. Nunca mais um beijo de sete minutos cravados no

relógio...."

27/08/2008

Teoria do biscoito - crônica- Martha Medeiros

Uma vez minha vó me disse que homem é igual a biscoito: vem um, vêm 18. Eu devia ter uns 15 anos e achei graça. Mas só hoje, 14 anos depois, do alto da minha solteirice, eu compreendi tudo sobre essa teoria. E vi que vovó tinha razão. Funciona assim: quando a gente tá carente, sozinha, solteira, e sai ligando pra todos os paqueras, ex-namorados, rolos e afins, ninguém te quer, não é? Pois é. Essa é a primeira fase: tocos em profusão. Na segunda fase, a gente resolve que não precisa de homem nenhum pra ficar bem, e aí aparece um só pra contradizer nossa certeza de auto-suficiência. Vem todo carinhoso, romântico, paparicante... A gente baixa a guarda, começa a sair com o cara, percebe que ele é interessante, resolve ver no que dá. Vai saindo, conhecendo, ficando... E aí o que acontece? Entra na fase 3: a Teoria do Biscoito. Chega um momento em que tu sente que a historinha tá evoluindo pra um possível compromisso, que está gostando daquele carinha, mesmo que ele não seja o príncipe encantado que sempre habitou seu imaginário de mulherzinha. Só que aí, neste exato momento, TODOS os outros que te dispensaram antes começam a te ligar. Parece que eles farejam no ar, que combinam entre si. Acho que a gente deve exalar algum cheiro diferente que, interpretado pelo cérebro masculino, diz "eu encontrei alguém, não estou disponível". Imediatamente, você se torna o objeto de cobiça de todos eles. Talvez justamente por estar radiante, feliz e não-disponível. Aí rola aquela seqüência inacreditável de acontecimentos fantásticos. Você tá na vernissage com seu novo pretendente e aquele gatinho que você beijou a dois meses e nunca mais deu notícias começa a te ligar. Você vai pra boate sozinha (no dia que seu gatinho resolve ficar em casa descansando) e encontra aquele clone do Rodrigo Santoro, que namorava sua colega de serviço na década passada, e ele te olha, te acha linda e quer ficar com você. E aquele outro, que era seu sonho de consumo como namorado perfeito, partidão, mas que sempre te esnobou, começa a te ligar quase diariamente: chama pro cinema, chama pro showzinho, liga para perguntar o que tu tá fazendo, pra te falar do disco novo que comprou, liga só pra ouvir a tua voz... Tem gente que acha isso o paraíso. Mas na boa, eu acho que só serve pra atrapalhar. Porque, como mulherzinha do bem que sou, eu só quero essa penca de homens me ligando quando tô na guerra, que é pra poder escolher. Mas depois que eu resolvo sossegar com um, não quero que ninguém fique me ligando pra semear a discórdia e a dúvida na minha mente. Mas o babado é resistir às tentações. De repente, com tantos homens fantásticos te ligando, tu começa a olhar pro seu pretendente atual e a achar que ele não é tão bonito quanto o fulano, nem tão alto e gostoso como o beltrano, nem carinhoso e bem-humorado como o cicrano. Você questiona se não está com ele por pura carência, porque ele apareceu num momento de falta de opções no mercado. E essa é a grande cilada. Muitas não resistem. Dispensam o gatinho atual e tentam administrar todos os outros. Eu já fiz isso. Aí a Teoria do Biscoito entra na fase final: a de que quem come o pacote inteiro tem indigestão. Fica sem ninguém. Todos somem e você fica sozinha, se perguntando como foi que deixou escapar aquele carinha tão legal com quem estava saindo, só por capricho. Eu não sei se funciona assim para todas as pessoas. Mas eu decidi que agora vou dizer um sonoro "não, obrigada" para toda a fila de negrescos com super-cobertura, e ficar sim com aquele que não é negresco, mas é bono de chocolate. Que não é brastemp super-ultra-mega-estrelinha-plus, mas é consul-slim e se encaixa direitinho na minha casa. Que não é o príncipe encantado, lindo, maravilhoso, perfeito, em cima do cavalo branco, mas que é um cara real, de carne e osso, que está do meu lado e quer ficar comigo. Quem me diverte e me agrada, e gosta das mesmas músicas que eu, e gosta de dançar música trash dos anos 80, que me apresenta pros amigos sem nenhuma cerimônia, que fica bolando pequenas surpresas pra me fazer e que é, sim, muito lindinho à sua maneira. Simples assim. Se não der certo, não deu. Faz parte da vida. Mas eu não preciso comer o pacote inteiro de negresco pra saber que um bono de chocolate me satisfaz.

Martha Medeiros- você- poema

Digamos que você não seja
tão seguro e inteligente como diz
Vai ver me trai toda semana
leva pra cama minha melhor amiga
faz intriga a meu respeito
fala mal dos meus defeitos
garanto que não usa a gravata que dei
Pode ser que você não goste
dos beijos que diz gostar
faz tudo só por fazer e me testar
Vai ver não tem nem emprego
pede dinheiro emprestado
bate com o carro no meio-fio
você não tem nenhum carácter
passou por mim e fingiu que não viu
Vai ver você morre de medo
de se olhar no espelho de dia
seu saldo está no vermelho
seu cão morto da fome
e você com raiva da vida
digamos que você não seja solteiro
e eu entrei numa fria.

26/08/2008

Ah o amor - Mario Quintana - video

Strip-Tease -Crônica - Martha Medeiros

Chegou no apartamento dele por volta das seis da tarde e sentia um nervosismo fora do comum.
Antes de entrar, pensou mais uma vez no que estava por fazer.
Seria sua primeira vez.
Já havia roído as unhas de ambas as mãos.
Não podia mais voltar atrás.
Tocou a campainha e ele, ansioso do outro lado da porta, não levou mais do que dois segundos para atender.
Ele perguntou se ela queria beber alguma coisa, ela não quis.
Ele perguntou se ela queria sentar, ela recusou.
Ele perguntou o que poderia fazer por ela.
A resposta: sem preliminares.
Quero que você me escute, simplesmente.
Então ela começou a se despir como nunca havia feito antes.
Primeiro tirou a máscara:
"Eu tenho feito de conta que você não me interessa muito, mas não é verdade. Você é a pessoa mais especial que já conheci. Não por ser bonito ou por pensar como eu sobre tantas coisas, mas por algo maior e mais profundo do que aparência e afinidade. Ser correspondida é o que menos me importa no momento: preciso dizer o que sinto".
Então ela desfez-se da arrogância:
"Nem sei com que pernas cheguei até sua casa, achei que não teria coragem. Mas agora que estou aqui, preciso que você saiba que cada música que toca é com você que ouço, cada palavra que leio é com você que reparto, cada deslumbramento que tenho é com você que sinto. Você está entranhado no que sou, virou parte da minha história."
Era o pudor sendo desabotoado:
"Eu beijo espelhos, abraço almofadas, faço carinho em mim mesma tendo você no pensamento, e mesmo quando as coisas que faço são menos importantes, como ler uma revista ou lavar uma meia, é em sua companhia que estou". Retirava o medo:
"Eu não sou melhor ou pior do que ninguém, sou apenas alguém que está aprendendo a lidar com o amor, sinto que ele existe, sinto que é forte e sinto que é aquilo que todos procuram.
Encontrei".
Por fim, a última peça caía, deixando-a nua:
"Eu gostaria de viver com você, mas não foi por isso que vim. A intenção é unicamente deixá-lo saber que é amado e deixá-lo pensar a respeito, que amor não é coisa que se retribua de imediato, apenas para ser gentil. Se um dia eu for amada do mesmo modo por você, me avise que eu volto, e a gente recomeça de onde parou, paramos aqui".
E saiu do apartamento sentindo-se mais mulher do que nunca.

Cartas Extraviadas e Outros Poemas- Martha Medeiros

Carta Extraviada 3
"Não é da minha natureza esperar que me dêem liberdade, não espero pelo pouco que há de essencial na vida. Sendo liberdade uma delas, eu mesmo me concedo. Ser livre não me ensinou a amar direito, se por direito entende-se este amor preestabelecido, mas me ensinou as sutilezas do sentimento, que, afinal, é o que o caracteriza e o torna pessoal e irreproduzível. Te amo muito, até quando não percebo. O amor que eu sinto pode parecer estranho, e é por isso que o reconheço como amor, pois não há amor universal: não, caríssima. Não há um amor internacional, assim como são proclamados os cidadãos do mundo. Cada cidadão, um coração, e em cada um deles, códigos delicados. Se não é este o amor que queres, não queres amor, queres romance, este sim, divulgadíssimo. Te amo muito, e não sinto medo. Bela e cega, buscas em mim o que poderias encontrar em qualquer canto, em todo corpo, homens e mulheres ao alcance de teus lábios e dedos, romance: conhecido o enredo, é fácil desempenhá-lo. E se casam os românticos, e fazem filhos e fazem cedo. O amor que sinto poderia gerar casamento, pequenos acertos, distribuição de tarefas, mas eu gosto tanto, inteiro, que não quero me ocupar de outra coisa que não seja você, de mim, do nosso segredo. Te amo muito, e pouco penso. Esta carta não chegará, como não chegarão ao seu entendimento estas palavras risíveis, estes conceitos que aos outros soariam como desculpa de aventureiro ou até mesmo plágio, já que não há originalidade na idéia, muito difundida, porém bastante censurada. Serei eu o romântico, o ingênuo? Serei o que quiseres em teu pensamento, tampouco me entendo, mas sinto-me livre para dizer-te: te amo muito, sem rendimento, aceso, amor sem formato, altura ou peso, amor sem conceito, aceitação, impassível de julgamento, aberto, incorreto, amor que nem sabe se é este o nome direito, amor, mas que seja amor. Te amo muito, e subscrevo-me."

Florbela Espanca- Poema -Amo-te tanto.

Amo-te tanto!
E nunca te beijei...
E, nesse beijo,
Amor, que eu não te dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz!
...........
Beija-me as mãos, Amor, devagarinho
...
Que fantasia louca
guardar assim fechados nestas mãos
os beijos que sonhei para a minha boca!

Martha Medeiros - frase - encarar cozinha

"Amor
nenhum
me
fará
amarrar
um
avental
em
torno
da
cintura
e
encarar
uma
cozinha"

25/08/2008

Beijo- Martha Medeiros- Crônica

Uma vez a atriz e cineasta Carla Camuratti declarou, numa entrevista, que um bom beijo é melhor do que uma transa insossa. Quando a escutei dizendo isso, pensei: "então não sou só eu". Estou com Carla: o beijo é a parte mais importante da relação física entre duas pessoas, e se ele não funcionar, pode desistir do resto. A Editora Mandarim acaba de lançar um livro que reúne ensaios de diversos intelectuais a respeito do assunto. O nome do livro é O Beijo - Primeiras Lições de Amor, História, Arte e Erotismo. Os autores discutem o beijo materno, o beijo nos contos-de-fadas, o beijo traiçoeiro de Judas, os primeiros beijos impressos em cartazes, o beijo na propaganda, o mais longo beijo do cinema e todas as suas simbologias.Às vezes o livro fica prolixo demais, mas ainda assim é um assunto tentador. Procure-o nas melhores casas do ramo. O livro, porque beijo não está à venda. Todo mundo sonha com aquele beijo made in Hollywood, que tira o fôlego e dá início a um romance incandescente. Pena que nem sempre isso aconteça na vida real. O primeiro beijo entre um casal costuma ser suave, investigativo, decente. Aos pouquinhos, no entanto, acende-se a labareda e as bocas dizem a que vieram. Existe um prazo para isso acontecer: entre cinco minutos depois do primeiro roçar de lábios até, no máximo, cinco dias. Neste espaço de tempo, ainda compreende-se que os beijos sejam vacilantes: tratam-se de duas pessoas criando um vínculo e testando suas reações. Mas se a decência persistir, não espere ver estrelinhas na etapa seguinte. A química não aconteceu. Beijo é maravilhoso porque você interage com o corpo do outro sem deixar vestígios, é um mergulho no escuro, uma viagem sem volta. Beijo é uma maneira de compartilhar intimidades, de sentir o sabor de quem se gosta, de dizer mil coisas em silêncio. Beijo é gostoso porque não cansa, não engravida, não transmite o HIV. Beijo é prático porque não precisa tirar a roupa, não precisa sair da festa, não precisa ligar no dia seguinte. E sem essa de que beijo é insalubre porque troca-se até 9 miligramas de água, 0,7 grama de albumina, 0,18 de substâncias orgânicas, 0,711 miligrama de matérias gordurosas e 0,45 miligrama de sais, sem contar os vírus e as bactérias. Quem está preocupado com isso? Insalubre é não amar.

Traição- Martha Medeiros -poesia

Eu perguntava quantas foram

E você falava sobre o tempo
Eu indagava quantas vezes
E você acendia outro cigarro
Eu suplicava quantas mais
E você não respondia
Pedia pra mudar de assunto
Pra que pudesse mentir sobre outra coisa.

21/08/2008

Solidão -frase- Clarice Lispector

O que nos salva da solidão
é a solidão de cada um dos outros. Às vezes, quando duas pessoas estão juntas, apesar de falarem, o que elas comunicam silenciosamente uma à outra é o sentimento de solidão.

Morrer de amor -frase- Clarice Lispector

"Onde aprender
a odiar para
não morrer
de amor?"

Escrever - Martha Medeiros -poesia

Silêncio, estou escrevendo
e não sei se destas palavras
sairá como poema

uma reportagem ou um recado

não sei no que se transformará

este grupo de sujeitos e advérbios

que buscam aqui reunidos

decifrar todos os meus medos
silêncio, estou me escutando
e quem fala são meus dedos.

Frase Divã- tudo que não dure - Martha Medeiros

Talvez lembre de mim como uma mulher vivida, descolada,
que lida bem com relações descartáveis,
logo eu que odeio copos de plásticos, canudinhos,
tudo que não dure.

Viver no tempo- frase -Clarice Lispector

Martha Medeiros Poesia - Nas horas em que não me pertenço

Fui vistas em festas que não fui
esquiando na neve que não vi
e falando com gente que não conheço
incrível como minha vida evolui
nas horas em que não me pertenço.

Tempo/Saudades frase - Martha Medeiros

"O tempo não pára! Só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo..."

Poema- Martha Medeiros - Fim da relação

Já que vim mesmo
Vamos aos finalmentes
Pra começo de conversa
Não me toque, acabou
Não tinha nada a ver
E eu já tenho outro
Doa a quem doer
Não venha com essa cara de choro
Você sabia que isso um dia
iria acontecer
Eu não tenho muito tempo
Só vim pegar minhas coisas
E saber de você
Tô te achando mais magro
A casa ta meio suja
Você tem se alimentado direito?
Embora eu não me arrependa
Ainda sinto saudades daqui
Lembra aquele domingo
Esquece, deixa pra lá
Eu só vim te avisar
Pra me deixar no meu canto
Toca tua vida, vai fundo
Eu vou me virando
Engraçado
Parece que você ta indo
e eu que to ficando

Quem nunca teve- video Luiz F Verissimo

Amor - Clarice Lispector

"Amor é quando é concedido participar um pouco mais.
Poucos querem o amor, porque o amor é a grande desilusão de tudo o mais.
E poucos suportam perder todas as outras ilusões.
Há os que voluntariam para o amor,
pensando que o amor enriquecerá a vida pessoal.
É o contrário: amor é finalmente a pobreza.
Amor é não ter.
Inclusive amor é a desilusão do que se pensava que era amor. "

APAIXONADOS- Crônica de Martha Medeiros

A questão é porque nos apaixonamos por Roberto e não por Vitor, ou por Elvira e não por Débora. Estamos sempre tentando justificar a escolha de um parceiro em detrimento do outro . A verdade é que a gente decide se apaixonar . está predisposto a se envolver – o candidato a este amor tem que cumprir certos requisitos. Lógico, mas ele não é a razão primeira por termos sucumbido . A razão primeira somos nós mesmos. Cada vez que nos apaixonamos, estamos tendo uma nova chance de acertar. Estamos tendo a oportunidade de zerar nosso velocímetro. De sermos estreantes . Uma pessoa acaba de entrar na sua vida. Você é 0 km para ela. Tanto as informações que você passar quanto as atitudes que tomar serão novidades suprema - é a chance de você ser quem não conseguiu ser até agora . Um novo amor é a platéia ideal para nos reafirmarmos . Nada será cobrado nos primeiros momentos , você larga com vantagem, há expectativa em relação as suas idéias e emoções e boa vontade para aplaudí-las. Você é o dono do roteiro, você conduz a trama, apresenta seu personagem. Estar apaixonado por outro é, basicamente, estar apaixonado por si mesmo, em novíssima versão. Quantas mulheres e homens manifestam , entre suspiros este desejo, mesmo estando casados? Um sem número deles quase todos atordoados com a própria inquietude. E no entanto é simples de entender. Mesmo as pessoas felizes precisam reavaliar escolhas, confirmar sentimentos, renovar votos, corrigir erros. Apaixonar-se de novo pelos seus próprios parceiros nem sempre dá conta disso. Eles já conhecem todos os nossos truques, sabem contra o quê a gente briga, somos tão previsíveis a eles , e no momento o que precisamos é de alguém virgem de nós, que permita a recriação de nós mesmos . Precisamos nos apaixonar para justamente corrigir o que fizemos de errado enquanto compartilhávamos a vida com nossos parceiros, e cujo dia a dia, problemas, situação. compartilhávamos a vida com nossos parceiros, e cujo dia a dia, problemas, situações difíceis, a própria rotina, o se conhecer profundamente . sem que isso signifique abrir mão deles.Isso explica o fato de pessoas sentirem necessidade de relações paralelas, mesmo estando felizes com a/o “oficial”. Explica , mas não alivia. Como é complicado viver!!!

18/08/2008

Até a rapa- Crônica de Martha Medeiros

"Olhe para um lugar onde tenha muita gente : uma praia num domingo de 40 graus, uma estação de Metrô, a rua principal do centro da cidade. Pois metade deste "povaréu" sofre de dor-de-cotovelo. Alguns trazem dores recentes. Outros trazem uma dor de estimação, mas o certo é que grande parte desses rostos anônimos têm um amor mal resolvido, uma paixão que não se evaporou completamente, mesmo que já estejam em outra relação. Porque isso acontece ? Acho que as pessoas não gastam seu amor. Isso mesmo ! Os amores que ficam nos assombrando não foram amores consumidos até o fim. Você sabe ... O amor acaba ! É mentira dizer que não ! Uns acabam cedo. Outros levam 10 ou 20 anos para terminar. Talvez até mais, mas, um dia acaba e se transforma em outra coisa : amizade, parceria, parentesco; e essa transição não é dolorida se o amor foi devorado até a "rapa". Dor-de-cotovelo é quando o amor é interrompido antes que se esgote. O amor tem que ser vivenciado ! ... ninguém tem tempo para esperar. E tem que ser vivido em sua totalidade ! É preciso passar por todas as etapas do amor : atração; paixão; amor; convivência; amizade; tédio e fim. Como já foi dito, este trajeto do amor pode ser percorrido em algumas semanas ou durar muitos anos, mas é importante que transcorra de ponta a ponta, senão sobra lugar para fantasias, idealizações, ... enfim, tudo aquilo que nos empaca a vida e nos impede de estarmos abertos para novos amores. Se o amor foi interrompido sem ter atingido o fundo do pote, ficamos imaginando as múltiplas possibilidades de continuidade. Tudo o que a gente poderia ter dito e não disse. Feito e não fez. Gaste seu amor ! Usufrua-o até o fim ! Enfrente os bons e os maus momentos, passe por tudo que tiver que passar. Não se "economize" ! Sinta todos os sabores que o amor tem, desde o adocicado do início até o amargo do fim, mas não saia da história na metade. Amores precisam dar a volta ao redor de si mesmo..."

QUANDO DEUS APARECE - Crônica de Martha Medeiros

Deus não está em promoção, se exibindo por aí.
Ele escolhe, dentro do mais rigoroso critério, os momentos de aparecer pra gente. Não sendo visível aos olhos, ele dá preferência à sensibilidade como via de acesso a nós. Mas valorizo essas aparições como se fosse a chegada de uma visita ilustre, que me dá sossego à alma. Quando Deus aparece pra você? Pra mim, ele aparece sempre através da música. Pode ser uma música popular, pode ser algo que toque no rádio, mas que me chega no momento exato em que preciso estar reconciliada comigo mesma. De forma inesperada, a música me transcende. Deus me aparece nos livros, em parágrafos em que não acredito que possam ter sido escritos por um ser mundano: foram escritos por um ser mais que humano. Deus me aparece - muito! - quando estou em frente ao mar. Tivemos um papo longo, cerca de um mês atrás, quando havia somente as ondas entre mim e ele. A gente se entende em meio ao azul, que seria a cor de Deus, se ele tivesse uma. Deus aparece quando choro. Quando a fragilidade é tanta que parece que não vou conseguir me reerguer. Quando uma amiga me liga de um país distante e demonstra estar mais perto do que o vizinho do andar de cima. Deus aparece nas preocupações da minha mãe, que mãe é sempre um atestado da presença desse cara. E quando eu o chamo de cara e ele não se aborrece,
aí tenho certeza de que ele está mesmo comigo.

Ontem a noite- Martha Medeiros

Você bem que podia ter surgido na minha vida
vinte anos atrás, quando eu ainda tinha planos
quinze anos atrás, quando eu estava me formando
onze anos atrás, quando eu morava sozinha
dez anos atrás, quando eu ainda era solteira
seis anos atrás, quando sobrava alguma força
ontem à noite
eu ainda estava te esperando.

Autografando parte 01 - Martha Medeiros video

PROMESSAS MATRIMONIAIS -Crônica de Martha Medeiros

Em maio de 98, escrevi um texto em que afirmava que achava bonito o ritual do casamento na igreja, com seus vestidos brancos e tapetes vermelhos, mas que a única coisa que me desagradava era o sermão do padre: "Promete ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-lhe e respeitando-lhe até que a morte os separe?" Acho simplista e um pouco fora da realidade. Dou aqui novas sugestões de sermões:- Promete não deixar a paixão fazer de você uma pessoa controladora, e sim respeitar a individualidade do seu amado, lembrando sempre que ele não pertence a você e que está ao seu lado por livre e espontânea vontade?- Promete saber ser amiga e ser amante, sabendo exatamente quando devem entrar em cena uma e outra, sem que isso lhe transforme numa pessoa de dupla identidade ou numa pessoa menos romântica?- Promete fazer da passagem dos anos uma via de amadurecimento e não uma via de cobranças por sonhos idealizados que não chegaram a se concretizar?- Promete sentir prazer de estar com a pessoa que você escolheu e ser feliz ao lado dela pelo simples fato de ela ser a pessoa que melhor conhece você e portanto a mais bem preparada para lhe ajudar, assim como você a ela?- Promete se deixar conhecer?- Promete que seguirá sendo uma pessoa gentil, carinhosa e educada, que não usará a rotina como desculpa para sua falta de humor?- Promete que fará sexo sem pudores, que fará filhos por amor e por vontade, e não porque é o que esperam de você, e que os educará para serem independentes e bem informados sobre a realidade que os aguarda?
- Promete que não falará mal da pessoa com quem casou só para arrancar risadas dos outros?
- Promete que a palavra liberdade seguirá tendo a mesma importância que sempre teve na sua vida, que você saberá responsabilizar-se por si mesmo sem ficar escravizado pelo outro e que saberá lidar com sua própria solidão, que casamento algum elimina?
-Promete que será tão você mesmo quanto era minutos antes de entrar na igreja?
Sendo assim, declaro-os muito mais que marido e mulher: declaro-os maduros.

Temperamente impulsivo- Clarice Lispector

“Sou o que se chama de pessoa impulsiva.
Como descrever?
Acho que assim: vem-me uma idéia ou um sentimento e eu,
em vez de refletir sobre o que me veio,
ajo quase que imediatamente.
O resultado tem sido meio a meio:
às vezes acontece que agi sob uma intuição dessas que não falham,
às vezes erro completamente,
o que prova que não se tratava de intuição,
mas de simples infantilidade.
Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos.
E até que ponto posso controlá-los. [...]
Deverei continuar a acertar e a errar,
aceitando os resultados resignadamente?
Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta?
E também tenho medo de tornar-me adulta demais:
eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil,
do que tantas vezes é uma alegria pura.
Vou pensar no assunto.
E certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso.
Não sou madura bastante ainda.
Ou nunca serei.”

Clarice Lispector - Eu sou feita de...

"Eu sou feita de tão pouca coisa
e meu equilíbrio é tão frágil,
que eu preciso de um
excesso de segurança
para me sentir
mais ou menos segura."

17/08/2008

Autografando video - Martha Medeiros

Feedback- Nenhum de nós- letra de Martha Medeiros

"Existem duas dores de amor"- Martha Medeiros video

Dos ficantes aos namorídos- Martha Medeiros

História do fim de nós - Laisa Rosinski

E foi assim
Nossas palavras foram matando o sentimento
Entre ofensas ambos se diminuimos
Entre lagrimas e dores,
rompemos
e tudo o que havia de maior entre nós
se defez.
O que não tinha importancia pra você
era fundamental pra mim.
Tua voz então saiu um tanto alta
cravando no peito uma ferida.
Agora, resta em mim a criança
que dizesseste entre tantas palavras.
Num choro de menina que ralou o joelho,
lateja um coração que ama.
Busca tua felicidade
perca-te de amores maduros.
Eu como pequena desejo-te
o que há de melhor no mundo
Porque parto sózinha sem rumo
Mas com a lembrança de que
até ontem a felicidade era nós.

Martha Medeiros- Para saber quem somos

Para saber quem somos, basta que se observe o que fizemos da nossa vida. Os fatos revelam tudo, as atitudes confirmam . Quem é você? Do que gosta? Em que acredita? O que deseja? Dia e noite somos questionados, e as respostas costumam ser inteligentes, espirituosas e decentes. Tudo para causar a melhor impressão aos nossos inquisidores. Ora, quem sou eu. Sou do bem, sou honesto, sou perseverante, sou bem-humorado, sou aberto - não costumamos economizar atributos quando se trata da nossa própria descrição. Do que gostamos? De coisas belas. No que acreditamos? Em dias melhores. O que desejamos? A paz universal. Enquanto isso, o demônio dentro de nós revira o estômago e faz cara de nojo. É muita santidade para um pobre-diabo, ninguém é tão imaculado assim. A despeito do nosso inegável talento como divulgadores de nós mesmos e da nossa falta de modéstia ao descrever nosso perfil no Orkut, a verdade é que o que dizemos não tem tanta importância. Para saber quem somos, basta que se observe o que fizemos da nossa vida. Os fatos revelam tudo, as atitudes confirmam. O que você diz - com todo o respeito - é apenas o que você diz. Entre a data do nosso nascimento e a desconhecida data da nossa morte, acreditamos ainda estar no meio do percurso, então seguimos nos anunciando como bons partidos, incrementamos nossas façanhas, abusamos da retórica como se ela fosse uma espécie de photoshop que pudesse sumir com nossos defeitos. Mas é na reta final que nosso passado nos calará e responderá por nós. Quantos amigos você manteve. Em que consiste sua trajetória amorosa. Como educou seus filhos. Quanto houve de alegria no seu cotidiano. Qual o grau de intimidade e confiança que preservou com seus pais. Se ficou devendo dinheiro. Como lidou com tentativas de corrupção. Em que circunstâncias mentiu. Como tratou empregados, balconistas, porteiros, garçons. Que impressão causou nos outros - não naqueles que o conheceram por cinco dias, mas com quem conviveu por 20 anos ou mais. Quantas pessoas magoou na vida. Quantas vezes pediu perdão. Quem vai sentir sua falta. Pra valer, vamos lá. Podemos maquiar algumas respostas ou podemos silenciar sobre o que não queremos que venha à tona. Inútil. A soma dos nossos dias assinará este inventário. Fará um levantamento honesto. Cazuza já nos cutucava: suas idéias correspondem aos fatos? De novo: o que a gente diz é apenas o que a gente diz. Lá no finalzinho, a vida que construímos é que se revelará o mais eficiente detector de nossas mentiras.

16/08/2008

Estupida noite- Laisa Rosinski

De repente o silencio entre as almas se calou. Percebo-te frio e distante. Guardo amor demais a ponto de suporta-lo, suas dores são maiores que seus afagos. Ficamos assim paralizados, Tu embriaga-te em alcool e eu me embriago em palavras e poesias... Juramos noite passada amor eterno e nós essa palavra que consagra duas pessoas morremos nessa noite fria, calida estupida noite.

15/08/2008

Vive melhor - Martha Medeiros

"Vive melhor quem duvida.
Diante da adversidade, duvida que ela vença.
Diante da bonança, duvida que ela dure para sempre.
Vive melhor quem respeita o rival.
Diante de um adversário desconhecido, infla o peito.
Diante de um adversário menor, permite que ele escolha as armas.
Vive melhor quem se movimenta.
Quem se rende está fora de combate."

14/08/2008

Conto de fada- Martha Medeiros

"Todo conto de fada faz-de-conta que não sabe."

Separação- Martha Medeiros

O término da nossa relação
foi pra mim um choque térmico
não senti mais teu calor
nunca te vi tão frio.

Ajo como se me entendesse- Clarice Lispector

Faz realidade - Laisa Rosinski

Teu corpo abriga o meu em chamas
Tua voz silencia meu grito
Teu desejo me satisfaz como mulher
Suas mãos afagam meus sonhos
Teus olhos calam os meus sentidos
Teu amor furta o meu pensamento
e me faz me entregar ao tempo
Fere a alma e crava teu nome no meu peito
Invade minha história e faz realidade tudo o que desejo.

Eu te amo, eu não te amo- Martha Medeiros

"Eu te amo, mas quero viver sozinha
Eu não te amo,mas preciso dormir com alguém
Eu te amo, mas sonho em ter outros homens
Eu não te amo, mas quero ter um filho
Eu te amo, mas não posso prometer nada
Eu não te amo, mas prefiro jantar acompanhada
Eu te amo, mas preciso fazer uma viagem
Eu não te amo, mas me cobram uma companhia
Eu te amo, mas não sei amar
Eu não te amo, mas queria"

Mata o Amor de Vez- Martha Medeiros

Foi então que ela viu no calendário um sofrimento diário uma dor que tinha número e uma aflição que já havia um mês Foi então que resolveu queima-lo e trocá-lo por uma ampulheta que baixa o amor mais rápido e mata o amor de vez.

13/08/2008

Não nos contaram - Martha Medeiros video

Ah! o coração …-Martha Medeiros

Ah! o coração … Acho uma pena que falar em coração
tenha se tornado uma coisa tão antiga.
Mas o fato é que tornou-se.
Coração dilacerado, coração em pedaços, coração na mão…
Sentimos tudo isso, mas a verbalização soa piegas.
E, no entanto, estamos falando dele, do nosso órgão mais vital, do nosso armazenador de emoções, do mais forte opositor do cérebro, este sim, em fase de grande prestígio.
O que está em alta?Inteligência, raciocínio, lógica, perspicácia!
Gostamos de pessoas que pensam rápido, que são coerentes,
que evoluem, que fazem os outros rirem com suas ironiase comentários espertos.
Toda essa eficiência só corre risco de desandar quando entra em cena o inimigo número 1 do cérebro: o coração.
É o coração que faz com que uma super mulher independente
derrame baldes de lágrimas por causa de uma discussão com o namorado.
É o coração que faz com que o empresário que precisa enxugar a folha de pagamento relute em demitir um pai de família.
É o coração que faz com que todos tremam seus queixinhos
quando o Faustão põe no ar o quadro arquivo confidencial!
Eu gostaria que o coração fosse reabilitado, que a simples menção dessa palavra não sugerisse sentimentalismo barato, mas para isso é preciso tratá-lo com o mesmo respeito com que tratamos o cérebro, e com a mesma economia.
Se a expressão “beijo no coração” é considerada “over “, voltemos a ser simples.
Mandemos beijos e abraços sem determinar onde;
quem os receber, tratará de senti-los no local adequado.

Engana-te - Laisa Rosinski

Engana-te em outra boca Enquanto meu desejo Corre a solta Enquanto anseia teus desejos Cultivo tua ausência Aquela a qual não mais lateja Nem fere, muito menos vibra Fecha-me os labios Porque no peito crava mais uma saudade Crava tua dor porque
Pecas em palavras
e desemente ao me desejar
por mais essa noite.

Porque você ama quem você ama- Martha Medeiros

Não faz diferença- Martha Medeiros

Não faz diferença
se você vem amanhã
ou não
desisti de esperar
por alguém
cuja ausência
me faz companhia

Momentos na vida - Clarice Lispector video

Pra me conquistar... Martha Medeiros

Pra me conquistar basta dizer tudo aquilo que nunca ouvi de ninguém vestir como homem e não como gay me tocar sem medo, sem segredo entrar e sair da rotina sem que eu note me levar para lugares exóticos e lugares comuns saber ficar em silêncio e assim me dizer tudo gostar de rock como eu gostoe de coisas que eu não gosto compreender a vida como é e buscar o outro lado saber a hora exata de ficare ir embora mas não vá.

Profundidade trecho - Clarice Lispector

"...a sua profundidade consiste em ele ser vazio...

quem entendeu percebeu o seu mistério de coisa."