23/03/2010

A bunda que engraçada1930 - O AMOR NATURAL- Carlos Drumond de Andrade

A bunda, que engraçada. Está sempre sorrindo, nunca é trágica.
Não lhe importa o que vai pela frente do corpo.
A bunda basta-se.
Existe algo mais?
Talvez os seios.
Ora – murmura a bunda – esses garotos ainda lhes falta muito que estudar.
A bunda são duas luas gêmeas em rotundo meneio.
Anda por si na cadência mimosa, no milagre de ser duas em uma, plenamente.
A bunda se diverte por conta própria.
E ama. Na cama agita-se.
Montanhas avolumam-se, descem.
Ondas batendo numa praia infinita.
Lá vai sorrindo a bunda.
Vai feliz na carícia de ser e balançar.
Esferas harmoniosas sobre o caos.
A bunda é a bunda, redunda.

Um comentário:

Kalyne Soares ਏਓ≈ disse...
Este comentário foi removido pelo autor.