A esperança de quê?
Pela primeira vez eu me espantava de sentir que havia fundado
toda uma esperança em vir a ser aquilo que eu não era.
A esperança – que outro nome dar?
– que pela primeira vez eu agora iria abandonar,
por coragem e por curiosidade mortal.
A esperança, na minha vida anterior,
teria se fundado numa verdade?
Com espanto infantil, eu agora duvidava.
Para saber o que realmente eu tinha a esperar,
teria eu antes que passar pela minha verdade?
Até que ponto até agora eu havia inventado um destino,
vivendo no entanto subterraneamente de outro?
(Clarice Lispector)
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