26/12/2007

Metade - Oswaldo Montenegro

Metade

Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que sinto. Que a morte de tudo que acredito não me tape os ouvidos e a boca, porque metade de mim é o grito, mas a outra metade é o silêncio. Que a música que ouço ao longe seja linda e que a pessoa que EU AMO esteja sempre amada, mesmo que distante, porque metade de mim é partir e a outra metade é SAUDADE. Que as palavras que falo não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor, apenas respeitadas, como a única coisa que resta numa pessoa inundada de sentimentos, porque metade de mim é o que OUÇO e a outra é o que CALO. Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço, que essa tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada, porque metade de mim é o que PENSO e a outra metade é o VULCÃO. Que o medo da SOLIDÃO se afaste e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável, que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso que eu me lembro de ter dado a minha face, porque metade de mim é LEMBRANÇA do que fui e a outra metade... EU NÃO SEI. Que seja preciso mais que uma simples alegria para me fazer aquietar o espírito, e que o teu silêncio me fale cada vez mais, porque metade de mim é ABRIGO, mas a outra metade é CANSAÇO. Que a arte aponte uma resposta mesmo que eu não saiba e que ninguém atende complicar, porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer, porque metade de mim é PLATÉIA e a outra metade é CANÇÃO. Que minha LOUCURA seja PERDOADA, porque metade de mim é AMOR e a outra... Também.... (Oswaldo Montenegro -

Poesia extraída da musica "Metade")

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