23/12/2007
Não era amor - Martha Medeiros
Se não era amor, era da mesma família.
Pois sobrou o que sobra dos corações abandonados.
A carência. A saudade. A mágoa.
Um quase desespero, uma espécie de avião em queda q a gente sabe q vai se estabilizar,
só não sabe se vai ser antes ou depois de se chocar com o solo.
Eu bati a 200Km/h e estou voltando a pé pra casa, avariada.
Eu sei, não precisa me dizer outra vez.
Era uma diversão, uma paixonite, um jogo entre adultos.
Talvez seja este o ponto.
Talvez eu não seja adulta suficiente para brincar tão longe do meu pátio,
do meu quarto, das minhas bonecas.
Onde é que eu estava com a cabeça,
de acreditar em contos de fadas,
de achar que a gente manda no que sente e
que bastaria apertar o botão e as luzes apagariam
e eu retornaria minha vida satisfatória,
sem seqüelas,
sem registro de ocorrência?
Eu nunca amei aquele cara.
Eu tenho certeza que não.
Eu amei a mim mesma naquela verdade inventada.
(Martha Medeiros)
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